Friday, June 08, 2007

lamentos de um velhinho aborrecido

"De ti eu fiz tudo
De teus cabelos eu fiz uma música
De teus olhos eu fiz um lamento
De teus braços eu fiz um suspiro
Assim tímido e pequenino
Qual mão quente e amiga que afaga
E acaricia
Assim como a vida.
Tu que me olhas de longe
Experimente chegar mais perto e olhar o que tenho
Experimente entrar na minha vida
Venha então como quem não quer nada
Como meus discos de vinil que começam a mofar
Me mostre que não sou um velho otário
Olhos meus dedos e não reconheço meus anos
Lembro-me de há muito tempo
Rapaz aflito perseguia vida
Experimentava tudo e não ligava pra ladainha
Pra mesma ladainha
Coisa de velhas caquéticas
Que dançavam a polca numa Paris inventada
Na eterna década de 70 do século passado.
Hoje ouço tais canções
E tenho ereções.
Alguém aflito venha
Pois mofarei como meus discos de vinil"

Rio de Janeiro, 1965.

Saturday, May 05, 2007

Sobre a morte

Bubukowski deixou as senhas de todo o seu mundo virtual.
Publicaremos as suas obras nunca expostas e algumas que ele preparou para essa ocasião.
Estamos também levando a cabo uma pesquisa biográfica de tão importante figura que deve ter o seu primeiro esboço em meados desse ano de 2007.
Encontramos um poema seu de 1938.
Em que escrevia:

"Preto e Branco
Quente e frio
Não há morno
Não há meio
Penso em tesão
E em revolução
Nunca em conciliação"

Tuesday, December 26, 2006

eus

confesso que não vivi porra nenhuma!
confesso o palavrão
confesso a minha ignorância por nunca ter lido nada dele
e no alvorecer dos vinte anos
vi que a minha realidade é tão água com açucar
e vi que sou mais feliz nos sonhos
nos meus planos para um futuro próximo
para o que posso para o que poderia
e viver era comprar briga com muitos
uma vez conversei com o demônio
outro dia conversei com deus
e todos eles me ofereceram pactos
fiz pacto com os dois!
combinei com um sobre o juízo final
e com o outro combinei sobre quantas almas levaria para o inferno
sabe de uma coisa?
eu vou passar a perna nos dois!
Primeiro vou abrir as portas do paraíso
e deixar que os demônios estuprem os anjinhos de cabelos doirados
e depois provocarei um tsunami no inferno
e tudo vai apagar
como aquela velhinha que há muito tempo
queria apagar o fogo do inferno e botar fogo no paraíso
para não existir nenhum dos dois
serei bastante tolo em acreditar
que a vida se resume em um céu e um inferno
e que há sempre um deus e um demônio
não ligue
isso é só a nostalgia de um tempo
em que acreditava em céu e inferno
e num deus bonzinho e num capetinha mal
e num tempo em que não entendia por que Ele tinha morrido pela gente
o que ele fez para mim
se eu nem tinha nascido ainda
ele morreu para salvar a humanidade de quê?
que humanidade... me exclue para essa humanidade
esse deus vingativo tá com dor de cotovelo
ele que vai rastejar sua menstruação e vai copular com a cobra do inferno
e Adão e Eva???
Deixem eles comer a maçã proibida
deixem a cobra entrar em Eva, deixem a Eva ser Eva, e deixem Adão ser Adão
Eva não vai precisar de nenhuma costela
esse papo já não cola mais
E depois que sentido há
para aqueles que pregam a inferioridade da mulher
isso fede a tão velho
isso é triste
As cidades destruídas pelo pecado se reerguerão
E todos aqueles encardidos cheirando a naftalina vão voltar para o claustro
E vão esperar pelo Juízo Final
Pacientemente
Toda vida
E quando, velhinhos, vão ver que o juízo final aconteceu o tempo todo
e o que passou frente a eles
foi a vida
e eles não conseguiram pegá-las...
isso sim vai ser pior do que qualquer chama do inferno

então, deuzinho, bonitinho, tente mostrar para todo mundo que a vida é agora
que se é para se mexer
Que seja agora!
E aí sim, comungarei da minha existência com algo superior
E provarei do sentimento verdadeiro de fidelidade
a deus
a deus

Friday, November 03, 2006

Manifesto - Bubukowski Reborn

Depois de relativo descanso volto com idéias e inspiraçòes novas... andei pensando e lendo sobre o misticismo, e isto me levou a sérias reflexões acerca de quem seria Deus, como ele nos surgiu e como ele está. Pensei em seu real significado para nossa sociedade, século 21, e cheguei às seguintes conclusões:

1) O Deus cristão morreu, escafedeu-se, foi assassinado! Ninguém mais acredita REALMENTE nele, quer dizer, ninguém que realmente comanda algo. A Igreja vem perdendo fiéis aos montes porque a secularização está atingindo a todos! Até quem acha que acredita, não acredita!

2) Deus está tão impregnado dentro de nossa cultura, seu fantasma está aqui. Mas ele perdeu seu sentido, ele foi banalizado, por isso ninguém percebe que ele não existe mais. Tudo é "graças a Deus" "se Deus quiser", as pessoas oram ou rezam para seu próprio bem estar, egoísmo puro. Perceber que você nào está entrando em contato com o divino sendo assim é dificil para a sociedade, porque só assim perecebemos o quanto somos egocêntricos! Os maiores hipócritas são os mais religiosos, porque? Porque ser religioso está obsoleto! Nosso modo de vida de hoje não combina mais com isso...

3) Então caímos num dilema cultural: o que nos definia como Ocidentais era nossa fé cristã, então como permaneceremos um só povo? Como sermos controlados? Nào temos mais a ameaça de DEUS castigador de pecados. Então resolveram RESSUCITAR o divino!!!!

4) Nasceram os grandes convertedores! A igreja universal e afins! DEUS ressucitado e a massa o louvando! Coitados, não percebem que esse Deus é falso, já está morto. Estão adorando um cadáver, pois os grandes líderes dessas religiões são os maiores descrentes! Os que têm menos ética e os que menos percebem a mensagem PRINCIPAL de Jesus: Amar a todos como a ti mesmo! e não: amar a Deus (e pague seu dizimo) sobre você mesmo, então fique quieto e seja submisso a mim, seu pastor e grande lider. Deus Frankenstein. Cada lider junta um pedáco de Deus esquartejado e o costura. Coitado do povo, não perecebe que estão sendo manipulados pelos "santos". Não vêem que sua fé só dá poder para os corruptos líderes, que aliás são todos políticos!

LOUVEMOS TODOS A DEUS FRANKENSTEIN! DEUS CADAVER! DEUS FALSO!

Começa aqui a desconstrução da forçação de barra generalizada...
Todos juntos podemos salvar o mundo do Deus cristão, que é ditador, intolerante, e egoísta...
Vamos buscar a mensagem tão clara, tão óbvia que qualquer real SER HUMANO percebe: Amar a todos como a ti mesmo.

É tudo uma questão de bom senso.

Monday, October 16, 2006

MERDA DREAM

COMO MERDA EM JANEIRO
COMO MERDA EM FEVEREIRO
COMO MERDA EM MARÇO
COMO MERDA EM ABRIL
COMO MERDA EM MAIO
COMO MERDA EM JUNHO
COMO MERDA EM JULHO
COMO MERDA EM AGOSTO
COMO MERDA EM SETEMBRO
COMO MERDA EM OUTUBRO
COMO MERDA EM NOVEMBRO
COMO MERDA EM DEZEMBRO

COMO MERDA O ANO TODO
COMO MERDA A VIDA TODA


HÁ MERDA POR TODO LUGAR
LOGO VAMOS
VAMOS TENTAR
VALIDAR

EU MATO EU
EU TOMO EU
EU TO
TAMO AI

SABE O QUE É? NA REALIDADE EU QUIS DIZER PARA ELA QUE TUDO PODERIA SER ESCRITO
QUE QUALQUER MERDA PODERIA SER ESCRITA
E PODE
NÃO ESTÃO VENDO?
EU ESCREVO QUALQUER MERDA

E EU PERGUNTEI A ELA? ENTÃO ISSO NÃO SERIA A ARTE? OU TALVEZ A NÃO-ARTE?
MERDA! ELA DISSE
MERDA. EU CONFIRMEI!
MAS É ISSO!
É ISSO O QUE QUERÍAMOS DESDE O INÍCIO
JÁ QUE NINGUÉM FAZIA NADA
JÁ QUE NINGUÉM FAZ NADA
FAÇAMOS MERDA

MAS SER DEUS NA PIOR DAS ESCATOLOGIAS
É BLASFEMIA PURA
É O CAPETA CONDENSADO

-MAS VAMOS COMBINAR.

ASSIM É BEM MELHOR.

VENHA A MIM A LUXÚRIA
VENHA A MIM A CARNE
VENHA A MIM TODOS E TODAS E TUDOS

É ASSIM QUE DRIBLEI A MINHA CONDIÇÃO DE ANGÚSTIA EXISTENCIAL E A MINHA SENSAÇÃO DE NADA

SENDO MERDA
MERDA
M
E
R
D
A
MERDA ERDAM DREAM AMRED MARED

Saturday, August 12, 2006

Uma boa leva de poesias

olá caros leitores, sei que são poucos, mas como fiquei um bom tempo sem atualizar venho com uma leva de pequenos e médios poemas:

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As tardes presas na janela
não sabem meus sonhos
as formigas confusas no asfalto
não sabem o que é um carro
e nem seu peso
a morte eminente como um raio entrecortando as nuvens
já marcou seu alvo
só falta descarregar

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qual é o nome daquela coisinha
que começa na bacia e sobe as entranhas
que chega na aorta bombeando contra o fluxo
que bate como uma agulha nesse músculo palpitante?
chegando as pescoço dá ânsia de vômito
e certas tonturas labirintíticas
antes de chegar ao cérebro a causar desassossego
e finalmente um sentimento de impotência e incerteza?
Que frio na barriga me causa!


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pedra no chão
meu tênis sujo
um mato

passa um garoto feio
passa uma garota gorda
passa uma velha tosca

prédio horroroso
cimento maciço
um manco

uma folha cancerosa
uma lata de coca quente
um militante de merda

faxineiro
doutor em lingüística
aparente lutador de sumô

vento, frio, nada
vento, chuva, nada
livro, pó, nada
livro, mp3, nada
blazer, buttons, nada

vote 6, vote 2, vote 3
barbudos, carnudos, um arroto

coca-cola derramada no chão
pepsi-cola derramada no chão
guaraná-cola boiando no chão

Quem é Ademar Carvalho?

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A saga da vagina lutadora

Quem quererá? Quem quererá?
Quem orá desafiar? Quem comerá?
Quem a converncerá?
Força feroz da vulva fulgás
foge com o fogo dos fustigados
bendita brochada benigna
caiu, caiu, caiu
pontualíssima polha
a vagina vence invicta

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no interior do meu lápis tem grafite
no interior da minha caneta tem tinta
no interior da minha cabeça tem titica
no interior da minha bolsa tem batom
no interior do meu coração tem o mundo

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quero saciar-me aqui dentro do suspiro
aliviar-me da certeza certamente mal-fadada
no universo da clareza comandar-me sem sossego
sem esperar-te claramente e saciar-me no suspiro aliviado

aliviar-me do seu jogo certamente mal-traçado
sem estratégia sem malícia claramente é um vício de linguagem
que com tempo se tornou cristalizado no seu jeito de covarde
desprendi-me dessa regra aplicada pela falta de coragem de sentir a própria alma
muito mal aproveitada pelos tempos pós-modernos em que vivemos

Thursday, June 22, 2006

Doçura, definitivamente suas sumidas não são bem vindas.

Hoje eu fui lá para fora
E vi o quanto Janeiro está distante
Me deu vontade de vomitar
De ficar sem camisas
Mas não consegui
O que estou fazendo aqui meu Deus?
(Bubukowski, 25 de Julho de 2005, Curitiba, quando da sua viagem, quando da sua viragem, quando da sua vadiagem, quando do seu pieguismo, quando do auge do seu pedantismo que se esconde atrás de um suposto ser impessoal, quando na verdade tudo não passa de uma mais ainda vilenta verdade, Bubukowski, 21 de Junho de 2006, quando do seu lapso de consciência)